Antes de mais nada, a qualidade de um produto químico, ao final da sua produção, é definida pelo método analítico empregado para qualificar e/ou quantificar suas especificações. A questão é que há vários métodos de análise empregados na indústria que não passaram pela validação de métodos.
Os dados analíticos pouco confiáveis (ou nada confiáveis) acabam comprometendo os estudos e fazendo você tomar decisões ruins. Não se trata apenas de um pequeno erro, mas sim de um prejuízo financeiro enorme.
Por isso que há o desenvolvimento e a validação dos métodos analíticos. Dessa forma, o seu trabalho se mostra mais confiável aos olhos do cliente e da própria indústria!
O que é a validação de métodos analíticos?
“A metodologia analítica deve ser exata, precisa, estável, reprodutível e flexível. Com isso, as análises devem reproduzir valores consistentes.”
A validação de métodos se trata de um processo contínuo que define que o método de análise sob estudo apresenta desempenho consistente em aplicação. Ela começa no planejamento da estratégia analítica e continua por todo o seu desenvolvimento.
Essa validação surge por estudos experimentais, que confirmam que o método analítico atende às exigências das aplicações analíticas. Dessa forma, é possível assegurar a confiabilidade dos resultados.
O desenvolvimento e a validação dos métodos analíticos ocorre através dos guias de três órgãos credenciadores: ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), INMETRO (Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial) e MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento).
É a partir dos parâmetros da Anvisa que vamos conduzir esse artigo!
O que é a RDC 166/17?
A Resolução da Diretoria Colegiada Nº 166 (RDC 166/17) é o documento que dispõe sobre a validação de métodos analíticos. Criada em 24 de julho de 2017, estabelece a abrangência do documento, principais termos e os parâmetros para a validação.
Além dela, há o documento INMETRO DOQ-CGCRE-008, de fevereiro de 2010, que traz algumas pequenas diferenças da RDC 166/17. E também, o Guia de Validação de Controle de Qualidade Analítica que discute outros parâmetros importantes para o MAPA.
Qual é a importância da validação de métodos?
A validação de métodos tem um papel simples: demonstrar de forma clara que a metodologia analítica em estudo cumpre com o que propõe. Dessa forma, a validação analítica garante que o método é flexível, reprodutível, estável e preciso.
E como o método é validado? Através dos parâmetros estabelecidos na validação de métodos analíticos da ANVISA, do INMETRO ou do MAPA. Além disso, ele é avaliado através de diferentes analistas, equipamentos de medição e ensaio, e métodos de análise.
Todas as possíveis fontes de variação dentro do processo analítico são levadas em conta na validação analítica. Dessa maneira, você garante que as análises de rotina vão apresentar valores consistentes em relação aos valores de referência do laboratório.
Então é necessário validar o método de análise?
A princípio, quando o laboratório utiliza um método não normalizado, desenvolve um próprio ou utiliza um normalizado fora do seu escopo, ele precisa validar. Portanto, os dados relevantes para a validação devem ser todos documentados e registrados para permitir a rastreabilidade.
Também devem ser registradas as etapas da validação para fins de avaliação do método. Por fim, você precisa elaborar o procedimento operacional, de forma que o método possa ser aplicado de maneira extremamente clara.
Quais são os tipos de validação de métodos analíticos?
Antes de mais nada, a validação possui como propósito provar que quaisquer procedimentos, processos, equipamentos, operações e/ou sistemas, conduz ao resultado alcançar uma qualidade que é exigida. Dessa forma, o processo de validar busca produzir evidências que possam atestar com segurança que um processo cumpre as especificações e os requisitos de qualidade.
Sendo assim, antes de partimos para os parâmetros de validação de métodos analíticos da ANVISA, devemos entender os tipos de validação:
- Validação prospectiva: é realizada durante o desenvolvimento do produto.
- Validação concorrente: ocorre durante a rotina de produção de produtos que serão atribuídos à venda.
- Validação retrospectiva: é baseada no histórico de todos os procedimentos que foram realizados para produzir o produto final.
- Revalidação: ocorre quando há mudanças no processo que possam impactar na qualidade do produto.
Quais são as etapas da validação de métodos analíticos pela ANVISA?
Após toda essa volta, finalmente chegamos numa parte muito interessante: os parâmetros de validação presentes na RDC 166/17 da ANVISA. Vamos conhecer um por um agora!
Linearidade
A linearidade do método é demonstrada através de respostas analíticas diretamente proporcionais à concentração do analito na amostra.
Efeito matriz
A matriz é a composição que mimetiza a amostra, mas sem ter a presença do analito. Em contrapartida, o efeito matriz se trata do efeito dos componentes dessa matriz na resposta analítica do método.
Faixa de trabalho
A faixa de trabalho do método é definida a partir da linearidade, precisão e exatidão, podendo ser consideradas as seguintes faixas:
— Teor do conteúdo: entre 80% e 120%;
— Uniformidade: entre 70% e 130%;
— Teste de dissolução: entre -20% da menor concentração esperada e +20% da maior concentração esperada. Isso é definido a partir do perfil de dissolução;
— Determinação de impurezas: entre o limite de quantificação até 120% da concentração, dentro do limite de especificação para cada impureza individual;
— Determinação simultânea de teor e impurezas pelo processo de normalização da área: entre o limite de quantificação até 120% da concentração esperada na substância ativa.
Precisão
A precisão avalia a proximidade dos resultados obtidos nos ensaios com as amostras já preparadas. Sendo assim, é identificada através da repetibilidade, precisão intermediária ou reprodutibilidade.
Exatidão
Já a exatidão avalia o grau de concordância entre os valores individuais produzidos pelo método analítico e os valores de referência.
Limite de detecção
O limite de detecção determina qual é a menor quantidade de analito presente numa amostra que pode ser detectado pelo método, não necessariamente quantificado.
Limite de quantificação
Já o limite de quantificação determina a menor quantidade de analito que pode ser determinada com exatidão e precisão.
Robustez
Por fim, a robustez determina a capacidade do método analítico em resistir a pequenas e deliberadas variações nas condições de análise!
Conclusão
Em síntese, os laboratórios de qualquer âmbito, não só o farmacêutico, devem sempre estar atentos ao desenvolvimento e validação de métodos analíticos. Afinal, ao não se importar de maneira fixa com isso, é possível transformar um trabalho digno num desperdício de esforço.
Sendo assim, ao não ter uma validação de métodos, você consegue apenas números ao final dos seus processos e não resultados!
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